quinta-feira, 27 de agosto de 2009

GUERRA COMUNISTA CONTRA A RELIGIÃO

Por Paul Kengor


Como Mikhail Gorbachev apropriadamente asseverou, o Estado comunista empreendeu uma patente “Guerra contra a Religião.” 1 Ele lamentara que os Bolcheviques, seus predecessores, mesmo após a guerra civil terminada no começo dos anos 20, durante uma época de “paz”, “continuaram a por ao chão as igrejas, a prender sacerdotes e a destruí-los”. 2

A União Soviética, modelo do comunismo mundial como um todo, era oficialmente hostil à religião e oficialmente ateísta; não era irreligiosa, sem nenhuma posição quanto à religião, queria fazer crer que não havia Deus. Além disso, esse ateísmo se transformou numa espécie de vício anti-religioso. Esta prática começou com a alvorada do Estado comunista e hoje continua sob várias formas nos países comunistas, desde a China, desde a Coréia do Norte, e desde Cuba.

Ensinamento Comunista

A origem desse ódio e intolerância à religião está na essência da ideologia comunista. Marx alcunhou a religião como o “ópio das massas” e afirmou que “o comunismo começa onde o ateísmo começa”. 3 Num discurso em prol dos Bolcheviques, em 2 de Outubro de 1920, Lênin declarou abertamente: “Nós não cremos em Deus.” Lênin insistiu que “Todo culto a uma divindade é uma necrofilia.” 4 Ele escreveu uma carta em Novembro de 1913 dizendo “qualquer idéia religiosa, qualquer idéia de algum deus, qualquer aproximação com um deus é a idiotice mais inexpressível ... a burrice mais perigosa, a infecção mais vexatória.” James Thrower, da Universidade de Virgínia (especialista em Rússia e tradutor), diz que a infecção à qual Lênin se refere é a de doença venérea. 5

“Não pode haver nada mais abominável do que a religião,” escreveu Lênin em uma carta para Maxim Gorky em Janeiro de 1913. 6 N dia dia 25 de Dezembro de 1919, o Camarada Lênin, com suas próprias palavras, emitiu a seguinte ordem: “Participar do ‘Nikola’ (natal russo) será estúpido – toda a Cheka (futura KGB) deve estar alerta para não deixar de atirar em todo aquele que não aparecer para trabalhar por causa do ‘Nikola’”. 7 Estes não foram fatos isolados sob o mando de Lênin.

Com a ajuda de Trotsky, Lênin começou a se envolver na criação de grupos com nomes como A Sociedade dos Sem-Deus, também conhecida como a Liga dos Sem-Deus Militantes, que foi responsável pela disseminação da propaganda anti-religiosa na URSS. 8 Essa intolerância institucionalizada continuou a prosperar sob os discípulos de Lênin, com destaque para Stálin, e até mesmo sob os líderes mais benévolos, como Nikita Khrushchev.

Este ateísmo era endêmico para o experimento comunista. Mesmo os comunistas impedidos de se manter no poder – perdendo, portanto, a habilidade de perseguir crentes – eles deram o seu melhor para perseguir os ensinamentos da religião organizada e para ridicularizar a existência de Deus. Até nos Estados Unidos, não é surpresa parar numa bamnca de jornais da cidade e ver escrito na primeira página palavras como estas no Daily Worker (Diário dos Operários), o órgão comunista publicado pelo CPUSA: “NÃO HÁ DEUS”. 9 Os comunistas têm orgulho do seu ateísmo e militam por ele.

Discriminação Igualitária

Este assalto à fé religiosa não foi dirigidas apenas a cristãos – protestantes, católicos, ortodoxos – mas também contra judeus, muçulmanos, budistas e outras crenças. 10 Para cada cardeal Mindszenty na Hungria havia um cardeal Wyszynski na Polônia, um Richard Wurmbrand na Romênia, um Natan Sharansky ou um Walter Ciszek na Rússia, um Vasyl Velychkovsky ou um Severian Baranyk ou um Zenobius Kovalyk na Ucrânia, um clã Moaddedi no Afeganistão, um missionário luterano ou metodista ou um seguidor do Dalai Lama na China, uma freira presa em Cuba, um monge budista forçado a renunciar seus votos no Camboja.

Fosse o déspota Fidel Castro, Pol Pot ou Stalin, o sentimento era o mesmo: “Religião é veneno”, segundo disse Mao Tsé-Tung. Onde quer que eles fossem, de Leste a Oeste, da África à Ásia, de Phnom Penh a São Petesburgo, comunistas empreenderam uma luta pela extinção da religião. Os comunistas muito debateram sobre os detalhes da maneira pela qual implementariam a visão marxista, mas eram unânimes em uma coisa: a religião era a inimiga, uma rival para o controle mental marxista e deveria ser aniquilada, não importam os custos e dificuldades.

Moscou foi a fonte e o cume para a maior parte desse esforço. Mesmo assim, funcionários soviéticos desejaram repetir a campanha usando os mais ávidos camaradas que estavam em cargos de liderança em outros lugares. A repressão começara, em vários graus, por toda a Europa Ocidental. Por exemplo, a doutrinação anti-religiosa de alunos de escola foi especialmente rigorosa na Tchecoslováquia nos anos 70. A Tchecoslováquia tinha conhecida má-reputação por conta do seu ateísmo.

Entre as nações mais perseguidoras à religião no império comunista estava a Romênia. Lá o ódio à religião era evidente por causa dos terríveis meios usados na tentativa de bani-la.

Romênia: a experiência de Richard Wurmbrand

Como parte da educação atéia, Estados comunistas publicaram e disseminaram abertamente literatura anti-cristâ. Na Romênia, o trabalho daquele que talvez seja o maior escritor romeno, Sadoveanu, A Vida dos Santos, foi publicado novamente como A Lenda dos Santos.

Significantemente, os comunistas não apenas tentaram bloquear ou deter a fé religiosa, mas também revertê-la. Isto foi verdade particularmente para a Romênia, mesmo antes da era Nicolai Ceasescu. Isto não implica apenas a proibição da prática religiosa e a prisão de ministros e crentes, mas o emprego de tortura para forçá-los a renunciar a fé. Nada disso foi eficiente o bastante para conter, silenciar ou punir os crentes presos; foi decidido que eles deveriam ser torturados de maneira inimaginavelmente degradante com o intuito de desfazer a fé religiosa.

Uma das melhores fontes sobre como os comunistas usaram sofrimentos extraordinários para reverter a crença é Richard Wurmbrand, um pastor que viveu um inferno na terra enquanto estava numa prisão romena. Após o ocorrido, ele detalhou algumas das crueldades testemunhadas em um relato ante ao congresso americano e em seu famoso Torturado por amor de Cristo, em 1967. A seguir há alguns trechos do emocionante livro de Wurmbrand:

Milhares de crentes de todas as denominações foram presos naquela vez. Não apenas sacerdotes foram enclausurados, mas também simples camponeses, moços e moças, que testemunharam por sua fé. Os presídios estavam lotados, e na Romênia, assim como em todos os países comunistas, estar preso significa ser torturado...

Um pastor que se chama Florescu foi torturado com tições de ferro incandescente e com facas. Ele foi agredido dolorosamente. Então ratos famintos foram conduzidos às suas celas por um largo cano. Ele não conseguia dormir porque era obrigado a se defender todo o tempo. Se ele toscanejasse por um só momento, os ratos o atacariam.

Ele foi forçado a ficar acordado por duas semanas, dia e noite... Eventualmente eles traziam seu filho de 14 anos e começavam a chicoteá-lo em frente ao seu pai, dizendo que continuariam a fazê-lo até que o pastor dissesse aquilo que eles queriam ouvir da sua boca. O pobre homem estava meio louco. Ele agüentou o tanto quanto pôde, então ele clamou ao seu filho, “Alexander, eu preciso dizer o que eles querem! Eu não posso mais agüentar seu sofrimento!” O filho então respondeu “Pai, não me faça a injustiça de ter um traidor como genitor. Resista! Se eles me matarem, eu morrerei com as palavras: ‘Jesus e minha pátria’.” Os comunistas, enfurecidos, investiram contra a criança e espancaram-na até a morte, com sangue espalhado pelas paredes da cela. Nosso querido irmão Florescu nunca mais foi o mesmo após ter visto isto. 11

Wurmbrand se lembrava de história após história sobre as torturas que ele testemunhou. Ele não apenas viu a tortura dos seus companheiros crentes, mas ele mesmo também as experimentou. Seus captores o entalharam em doze partes do seu corpo. Queimaram 18 buracos nele. Entre as muitas formas de torturas que ele sofreu, estava “O Refrigerador” – uma grande caixa de gelo. O crente seria preso com pouca ou nenhuma roupa. Os médicos da prisão sondavam por uma abertura até que vissem sinais de morte por hipotermia, então eles chamavam os guardas, que se apressavam para descongelar a vítima. Eles seriam descongelados e congelados novamente entre os minutos da morte. O processo era então repetido.

Tudo isso, obviamente, exigia esforços consideráveis dos carcerários. “O que os comunistas fizeram aos cristãos suplanta ... o conhecimento humano,” escreveu Wurmbrandt. “Eu vi comunistas cujas faces mostravam alegria entusiástica enquanto torturam crentes. Eles diziam enquanto torturavam os cristãos, ‘nós somos o demônio!’” Ele chamou o comunismo de “a força do mal”, que poderia ser combatido apenas por uma força espiritual, “O Espírito Santo.” Ele acrescentou:

Os torturadores comunistas freqüentemente [me diziam]: “Não há Deus, nem além, nem punição pelo mal. Nós podemos fazer o que quisermos.” Eu ouvi um torturador dizer, “Eu agradeço a Deus, em quem não creio, por viver até este momento em que pude expressar toda a maldade do meu coração.”

Em seu testemunho de Maio de 1966 ao Subcomitê de Segurança Interna do Senado americano, Wurmbrand descreveu a crucificação pelas mãos dos comunistas. Cristãos eram atados a cruzes por dias e noites. Isto era mau o bastante. Mas os comunistas eram criativos, e queriam se assegurar de que os crucificados sofreriam maior humilhação do que o próprio Cristo:

As cruzes eram colocadas no chão e milhares de prisioneiros tinham que satisfazer suas necessidades básicas nos rostos e nos corpos dos crucificados. Então as cruzes eram argüidas novamente e os comunistas zombavam e escarneciam: “Olhe para o seu Cristo! Quão belo ele é! Que fragrância ele traz do céu!”... Após serem quase levados à loucura pelos torturadores, um padre foi obrigado a consagrar excremento e urina humanos e fazer a Santa Comunhão aos cristãos nesta forma. Isto aconteceu na prisão romena de Pitesti., Após isto, eu decidi então perguntar ao padre porque ele não preferiu morrer ao participar dessa zombaria. Ele respondeu, “Por favor, não me julgue! Eu sofri mais do que Cristo!” Todas as descrições bíblicas sobre o inferno e as dores do Inferno de Dante não são nada comparadas às torturas nas prisões comunistas.

Esta é apenas uma pequena parte daquilo que aconteceu em um domingo e em muitos outros domingos na prisão de Pitesti. Outras coisas simplesmente não podem ser ditas. Meu coração falharia se eu tivesse que contá-las repetidamente. Elas são muito terríveis e obscenas para serem escritas...

Se eu fosse continuar a contar todos os horrores das torturas comunistas e todos os auto-sacrifícios dos cristãos, eu nunca terminaria.

Nós vemos aqui uma dedicação quase inacreditável para desfazer e reverter a fé pelos comunistas. Isto envolveu não apenas abusos extraordinários, mas também a atenção do Estado. O fato de o Estado comunista devotar tanto tempo e esforço demonstra a sua notável devoção – ironicamente, uma devoção quase religiosa – em alcançar a aniquilação da fé religiosa. Estes fatos também refletem a convicção comunista que a religião era inevitavelmente uma ameaça incompatível ao marxismo-leninismo.

Às vezes, esta perseguição viciada sai pela culatra. Para cada Richard Wumrbrand, ou para cada Severian Baranyk que os comunistas mataram com um corte em forma de cruz no peito, ou um Zenobius Kovalyk, executado numa crucificação de escárnio, surgia uma albanesa chamada Agnes Gonxha Bojaxhiu (Madre Teresa), que orava por suas almas, ou um Karol Wojtyla (Papa João Paulo II), que trabalhou com homens como Ronald Reagan, Margaret Thatcher, Lech Walesa, e Vaclav Havel – entre outros – pelo colapso pacífico do império ateu.

Relevância atual

Porque estas informações são importantes hoje, sendo que a guerra fria e o império soviético comunista não mais existem? Ao nível do humano, é muito importante para aqueles que sofreram a perseguição. Muitos ainda estão vivos; eles querem que esta história seja contada; eles querem que o munda saiba o que eles sofreram. Eles sabem que a História, pelo bem da História, precisa ser bem definida e não repetida. Em outro nível, a próxima geração de estudiosos da Guerra Fria tem pouco conhecimento e menos ainda reconhecimento do papel da religião na experiência da Guerra Fria. Eles não são apenas desinformados concernente às fontes e o grau da perseguição, eles não contemplam a maneira que o ateísmo institucionalizado da URSS ajudou e propeliu oposição bipartidária americana a Moscou no começo da Guerra Fria. Democratas como Harry Trumann, John F. Kennedy e Republicanos como John Foster Dulles e Ronald Reagan condenaram o flagelo do “comunismo soviético sem-Deus assim como figures populares bastante populares como Francis Cardinal Spellman, o Bispo Fulton Sheen, e o Dr. Fred Schwarz por meio de sua Cruzada Anti-Comunista Cristâ. 12 Religiosamente falando, o esforço eventual para derrotar o comunismo ateu foi um esforço duplo de protestantes e católicos americanos.

Muito pouco é estudado sobre isto hoje. Nós não podemos ignorar esse componente vital da história da Guerra Fria. Tragicamente, muitas dessas informações continuam desconhecidas não apenas para o grande público, mas também para a comunidade acadêmica. Na verdade, há pessoas na academia que estão a par desse material, mas geralmente estão despreocupados, dispensando isso como curiosidade paranóica da “direita cristâ” e de anti-comunistas, que eles vêem como rude e ingênuo. “Sob os [comunistas] houve perseguição à igreja,” escreve Richard Pipes, professor emérito de história russa em Harvard. “E também é verdade que o assunto tem recebido pouco ou nenhuma atenção dos acadêmicos.” 13

Protestantes, Católicos, Muçulmanos e Budistas – os comunistas torturaram a todos. E membros de todas as crenças têm grande interesse em ver essa conspiração perversa recebendo a luz da verdade. Ninguém, muito menos uma organização central, contou as histórias das vítimas. Muitas delas são amargas, e estão todas frustradas porque esta vasta rede de intolerância brutal nunca foi exposta completamente. Os livros de história das escolas estão cheios de considerações sobre as Cruzadas, mas completamente caladas sobre a guerra comunista contra a religião, que é imensamente mais repressiva. 14

Mas ainda há grupos como a Fundação em Memória das Vítimas do Comunismo (Victims of Communism Memorial Foundation) para contar essa história, para revelar essa história e para honrar as vítimas.

Biografia do autor: Paul Kengor é professor emérito de Ciência Política no Grove City College em Grove City, Pennsylvania. Entre seus livros estão God and Ronald Reagan: A Spiritual Life (HarperCollins, 2004), The Judge: William P. Clark, Ronald Reagan's Top Hand (Ignatius Press, 2007), and The Crusader: Ronald Reagan and the Fall of Communism (HarperPerennial, 2007).

Tradução: Rafael Resende Stival, do Blog Salmo 12.

Fonte: http://www.globalmuseumoncommunism.org/


Notas

1 Mikhail Gorbachev, Memoirs (NY: Doubleday, 1996), p. 328.

2 Mikhail Gorbachev, On My Country and the World, (NY: Columbia University Press, 2000), pp. 20-1.

3 O comentário “ópio das massas” “é bem conhecido. A fonte para a citação, "o comunismo começa onde começa o ateísmo," é Fulton J. Sheen, Communism and the Conscience of the West (Indianapolis e NY: Bobbs-Merrill, 1948). Sheen, que lia e falava várias línguas, traduziu a citação em Inglês de uma obra sem tradução de Marx.

4 Lenin escreveu isso em 13 ou 14 de novembro de 1913 em uma carta para Maxim Gorky. Veja: James Thrower, God’s Commissar: Marxism-Leninism as the Civil Religion of Soviet Society (Lewiston, NY: Edwin Mellen Press, 1992), p. 39.

5 Citado em Thrower, God’s Commissar, p. 39. Outra tradução desta citação vem de Robert Conquest, in his “The Historical Failings of CNN,” em Arnold Beichman, ed., CNN’s Cold War Documentary (Stanford, CA: Hoover Institution Press, 2000), p. 57.

6 Veja: J. M. Bochenski, “Marxism-Leninism and Religion,” em B. R. Bociurkiw et al, eds., Religion and Atheism in the USSR and Eastern Europe (London: MacMillan, 1975), p. 11.

7 Este item foi publicado em um livro de 2002 pela Yale University Press. Veja: Alexander N. Yakovlev, A Century of Violence in Soviet Russia (New Haven and London: Yale University Press, 2002), p. 157.

8 Veja: Daniel Peris, Storming the Heavens: The Soviet League of the Militant Godless (Ithaca, NY: Cornell University Press, 1998).

9 Veja: Bertram D. Wolfe, A Life in Two Centuries (Stein and Day, 1981), pp. 403-4.

10 A repressão foi exercida em graus diferentes entre as nações do bloco soviético. Entre elas, Romênia, Albânia, Alemanha Oriental e Tchecoslováquia foram especialmente repressivas.

11 Richard Wurmbrand, Tortured for Christ (Bartlesville, OK: Living Sacrifice Book Company, 1998), pp. 33-8.

12 Veja: Paul Kengor, God and Ronald Reagan: A Spiritual Life (NY: HarperCollins, 2004).

13 Richard Pipes speaking at Grove City College, Grove City, Pennsylvania, September 27, 2005.

14 Paul Kengor comparou o tratamento dos dois em um exaustivo e longo projeto de um ano de pesquisa que analisou os textos de história utilizada nas escolas públicas de Wisconsin, que eram os mesmos textos utilizados em todos os estados. Veja também: Paul Kengor, "Searching for Bias: World History Texts in Wisconsin Public Schools ", Wisconsin Policy Research Institute, junho de 2002. Uma cópia do estudo está publicado no site da WPRI.


quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Trecho da entrevista com Yuri Bezmenov, desertor da KGB, hoje FSB.

Quando ele fala em America, podemos substituir por Brasil sem mudanças significativas. A universidade brasileira segue à risca os planos da KGB, mesmo que inconscientemente. Como podemos ver, o papel dos cristãos como luz do mundo está longe de ser exercido no Brasil. A visão dos nossos cristãos não enxerga nada além de púlpitos. Ou, como fruto da inermidade da igreja, os próprios membros da igreja se rendem ao plano, como no caso que deu origem ao blog.

Quem quiser ver o vídeo todo, é só procurar por "Subversão Soviética" no youtube ou me pedir. Compreender a cultura ocidental moderna sem as informações que este homem nos fornece é impossível.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Qual é o papel do educador “superior” no Brasil?


Tenho por certo que sequer um livro poderia responder satisfatoriamente a esta pergunta. Mas assim mesmo, é importante lembrar que muitas correntes de pensamento ensinadas no ensino superior têm conduzido nossos estudantes a esferas cada vez mais inferiores do pensamento. Temos nos aprofundado cada vez mais em um provincianismo “local”, mas principalmente temporal. Entre a essência e as formas, os educadores brasileiros preferiram os pensadores que privilegiaram as formas, o passageiro. A realidade não é mais compreendida comparando-a ao eterno, ao infinito, mas é usada sempre como instrumento de transformação dela mesma. A própria palavra transformação já implica em uma “transitoriedade de formas”. A humanidade sempre denominou a essência como algo superior às formas, no entanto, hoje, a compreensão da essência está subordinada às formas. É o “conhecer para transformar” tão alardeado em nossas classes. Não advogo que as ciências devem ser totalmente puras e neutras, mas a subordinação da compreensão à execução e ao planejamento é por demais nociva.

A maior parte dos nossos acadêmicos da educação crê nos benefícios da eterna transformação. Estes estudantes e professores crêem que só após Marx e Darwin as verdadeiras “luzes” só chegaram à humanidade; crêem que o ensino daquilo que está fora da “realidade” do aluno – e que por definição está “acima” dele e é de mais árduo entendimento – não é necessário nem pode interessá-lo. Enquanto a transformação ocorre, o provincianismo aumenta e a compreensão geral diminui.

Infelizmente, a pretensão dos nossos tempos não é mais a de compreender a natureza humana para que possamos conviver da melhor forma, mas sim a de modificá-la. Se a transformação da matéria gerou situações que seriam inimagináveis há algumas centenas de anos, porque não aconteceria o mesmo com a organização dos homens? Bastaria um planejamento bem feito, desde a infância. Este planejamento foi testemunhado pela humanidade nas experiências nazista e comunista. Todos os que se recusaram a tentar mudar o imutável foram perseguidos e mortos cruelmente por estes regimes. Mais um erro da história está sendo colocado em prática pelas universidades.


Rafael Resende Stival.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Porque devemos nos opor ao marxismo:



Este é um trecho do documentário "The Soviet Story". Quem desejar assistir ao comentário todo, fale comigo.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

O que é o capitalismo?

Em sua magnum opus, “A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo”, Max Weber, o maior nome da sociologia, discorre sobre algumas características do capitalismo após explicar algumas peculiaridades da civilização ocidental:

...E o mesmo é verdade também para a mais decisiva força da nossa vida moderna: o capitalismo. O impulso para o ganho, a persecução do lucro, do dinheiro, da maior quantidade possível de dinheiro, não tem, em si mesma, nada que ver com o capitalismo. Tal impulso existe e sempre existiu entre garçons, médicos, cocheiros, artistas, prostitutas, funcionários desonestos, soldados, nobres, cruzados, apostadores, mendigos etc... Pode se dizer que tem sido comum à toda sorte e condição humanas em todos os tempos e em todos os países da Terra, sempre que se tenha apresentado a possibilidade objetiva para tanto. É coisa do jardim de infância da história cultural a noção de essa idéia ingênua de capitalismo deva ser eliminada definitivamente. A ganância ilimitada de ganho não se identifica, nem de longe, com o capitalismo, e menos ainda com seu “espírito”. O capitalismo, pode eventualmente se identificar com a restrição, ou pelo menos com uma moderação racional desse impulso irracional. O capitalismo, porém identifica se com a busca do lucro, do lucro sempre renovado por meio da empresa permanente, capitalista e racional. Pois assim deve ser: numa ordem completamente capitalista da sociedade, uma empresa individual que não tirasse vantagem das oportunidades de obter lucros estaria condenada à extinção.


Abaixo lemos algumas considerações de Solano Portela – intelectual cristão – sobre capitalismo e uma de suas bases que foi a ética protestante – ou ética bíblica –, propagada, dentre outros, por João Calvino, o principal pensador e expoente da reforma protestante durante séculos:


Weber, Calvino e o estigma do capitalismo.

Há um tempo atrás, um pastor amigo meu abordou um colega dele que estava trabalhando em uma tese sobre Max Weber. Ele escreveu um e-mail em que dizia – “Poderia me ajudar dando-me umas observações resumidas sobre o livro de Max Weber em que ele ataca os Puritanos e a Calvino acusando-os de fundadores do capitalismo” [grifos meus]? Aquele pastor, disse ele, necessitava de subsídios, para dar respostas a alguns jovens que lançavam tão “grave acusação” contra os puritanos, tomando como base o trabalho do Weber.


Chamou-me a atenção a extensão da distorção de compreensão à qual nossas gerações têm sido submetidas. A visão socialista quase monolítica que tem imperado durante anos, leva inúmeras pessoas a considerarem como premissa básica – desnecessária de ser fundamentada – que o capitalismo é
inerentemente mal; culminando com a noção de que a simples associação com o sistema equivale a uma “acusação”, pois quem quer ser partidário “do mal”?


Sobre Max Weber (Maximilian Carl Emil Weber, 1864-1920)
muito tem sido escrito e não pretendo fazer uma análise de suas posições e teses. No entanto, o que quero pontuar é que Weber NÃO acusa. Ele simplesmente atribui a Calvino o desenvolvimento de uma sociedade próspera, capitalista, com mais oportunidade para o avanço individual do que as sociedades massificadoras socialistas, que destroem a individualidade humana. Os “paraísos” socialistas que foram implantados nesta terra, têm tido como resultado intrigante a socialização da pobreza. Ou seja, para Weber, capitalismo NÃO é palavrão.


Lógico que esta é uma visão de poucos, nos dias de hoje. A maioria, mesmo nos meios cristãos, sucumbiu à lavagem cerebral de que o ideário socialista é o que é encontrado e propagado na Palavra de Deus;
[1] que os princípios divinos de justiça são melhor atendidos quando o governo NÃO é capitalista. Vários jargões e slogans são desenvolvidos para atacar o capitalismo, inclusive o termo "capitalismo selvagem", para identificar qualquer manifestação capitalista de governo como perniciosa. A queda do modelo comunista abalou um pouco essas convicções, mas não muito - a maioria ainda "compra" a temática socialista a grosso e a varejo - basta ver, em eleições passadas, o discurso quase uniforme dos candidatos à presidência - totalmente semelhantes na demagogia das massas.


A Bíblia, não prescreve uma forma de governo definida, mas traz alguns princípios, como o direito à propriedade; a dignidade da individualidade, como inerentemente procedente de Deus; a assistência aos mais fracos e mais desprotegidos - colocando a responsabilidade disso muito mais nos indivíduos do que no governo; o respeito às autoridades constituídas; o dever dessas autoridades de serem promotoras dos princípios de justiça e verdade emanados de Deus e outorgados por ele.


Calvino nada mais fez do que colocar tais princípios em prática e ensinar aos cidadãos regras e limites de respeito mútuo, sem esquecer o cuidado e a solidariedade com os semelhantes (veja o
artigo de Augustus Nicodemus – O Ensino de Calvino Sobre a Responsabilidade Social Da Igreja, também disponível em livro, publicado
pela PES). Enquanto isso, ele encorajava o progresso individual, desmistificava o lucro como motivação e criava condições para o desenvolvimento pessoal. Tais ensinamentos eram incompatíveis com a servidão de uns sob outros, ainda que regras de respeito hierárquicas eram observadas.


Weber pegou este gancho e o colocou como a mola mestra do capitalismo. Se temos ojeriza ao capitalismo, saímos com a impressão de que Calvino está sendo "atacado". Se reconhecemos validade em um sistema de governo que - imperfeitamente e sempre sob a influência do pecado, é lógico - promove o avanço individual em vez da servidão a um estado impessoal, não consideramos isso insulto, mas até um "insight" válido ao estudo do calvinismo.


Obviamente, Weber não é teólogo e nem tenho muita certeza da profundidade de sua fé cristã, apesar da
afirmação de sua esposa (Marianne Weber) que ele “sempre preservou uma profunda reverência pelo Evangelho e pela religiosidade cristã genuína” [2]. Não se deve esperar dele total coerência ou precisão teológica. Temos um artigo importante sobre ele, escrito por Franklin Ferreira, na revista acadêmica Fides Reformata (v. 5, n. 2, p. 47-62, 2000), que até não lhe é tão favorável, assim. Mas acho pertinente esclarecer esses pontos, pois Weber, referindo-se aos puritanos como fundadores do capitalismo (seguindo Calvino), pretende elogiá-los. Realmente, eles entenderam que a Bíblia não era um tratado socialista e que a propriedade privada era legitimada por Deus (“não furtarás”...); enfatizando a ética e a recompensa do lucro ao trabalho, podem ser considerados como fundadores do capitalismo, mesmo; sem qualquer conotação pejorativa.


Solano Portela

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Link: http://tempora-mores.blogspot.com/2007/11/weber-calvino-e-estigma-do-capitalismo.html

[1]
Leia também o post: "Socialismo na Bíblia? Mitos e verdades", clicando aqui.

[2] Max Weber as "Christian Sociologist", William H. Swatos, Jr., Peter Kivisto, Journal for the Scientific Study of Religion, Vol. 30, No. 4 (Dec., 1991), p. 347.

Comunismo - História de uma ilusão




Este vídeo mostra o quão cruel foi a Rússia comunista de Lênin. Agradeçam a Deus por não vivermos em tempos parecidos.