sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Método Paulo Freire ou Método Laubach?

Aí segue mais um texto (copiado) que nos dá a medida da impostura do pop-star das licenciaturas brasileiras. O sucesso do "pensador" se deve a um plágio de um dos cristãos mais dedicados e geniais da história recente, que levou cativo todo o seu pensamento à obediência do mandamento de pregar as boas novas.

O texto foi publicado no MSM em 2004, mas ainda não está no seu arquivo.


Rafael.

Segundo historiador, Frank Laubach pode ser o Hegel de Paulo Freire — o "criador" da Pedagogia do Oprimido pode ter plagiado o educador norte-americano, virando-o de ponta-cabeça


DAVID GUEIROS VIEIRA


O Método Laubach de alfabetização de adultos foi criado pelo missionário protestante norte-americano Frank Charles Laubach (1884-1970). Desenvolvido por Laubach nas Filipinas, em 1915, subseqüentemente foi utilizado com grande sucesso em toda a Ásia e em várias partes da América Latina, durante quase todo o século XX.

Em 1915, Frank Laubach fora enviado por uma missão religiosa à ilha de Mindanao, nas Filipinas, então sob o domínio norte-americano, desde o final da guerra EUA/Espanha. A dominação espanhola deixara à população filipina uma herança de analfabetismo total, bem como de ódio aos estrangeiros.

A população moura filipina era analfabeta, exceto os sacerdotes islamitas, que sabiam ler árabe e podiam ler o Alcorão. A língua maranao (falada pelos mouros) nunca fora escrita. Laubach enfrentava, nessa sua missão, um problema duplo: como criar uma língua escrita, e como ensinar essa escrita aos filipinos, para que esses pudessem ler a Bíblia. A existência de 17 dialetos distintos, naquele arquipélago, dificultava ainda mais a tarefa em meta.

Com o auxílio de um educador filipino, Donato Gália, Laubach adaptou o alfabeto inglês ao dialeto mouro. Em seguida adaptou um antigo método de ensino norte-americano, de reconhecimento das palavras escritas por meio de retratos de objetos familiares do dia-a-dia da vida do aluno, para ensinar a leitura da nova língua escrita. A letra inicial do nome do objeto recebia uma ênfase especial, de modo que aluno passava a reconhecê-la em outras situações, passando então a juntar as letras e a formar palavras.

Utilizando essa metodologia, Laubach trabalhou por 30 anos nas Filipinas e em todo o sul da Ásia. Conseguiu alfabetizar 60% da população filipina, utilizando essa mesma metodologia. Nas Filipinas, e em toda a Ásia, um grupo de educadores, comandado pelo próprio Laubach, criou grafias para 225 línguas, até então não escritas. A leitura dessas línguas era lecionada pelo método de aprendizagem acima descrito. Nesse período de tempo, esse mesmo trabalho foi levado do sul da Ásia para a China, Egito, Síria, Turquia, África e até mesmo União Soviética. Maiores detalhes da vida e trabalho de Laubach podem ser lidos na Internet, no site Frank Laubach.

Na América Latina, o método Laubach foi primeiro introduzido no período da 2ª Guerra Mundial, quando o criador do mesmo se viu proibido de retornar à Ásia, por causa da guerra no Pacífico. No Brasil, este foi introduzido pelo próprio Laubach, em 1943, a pedido do governo brasileiro. Naquele ano, esse educador veio ao Brasil a fim de explicar sua metodologia, como já fizera em vários outros países latino-americanos.

"As cartilhas de Laubach foram copiadas pelos marxistas em Pernambuco, dando ênfase à luta de classes. O autor dessas outras cartilhas era Paulo Freire, que emprestou seu nome à "nova metodologia" como se a ela fosse de sua autoria"


Lembro-me bem dessa visita, pois, ainda que fosse muito jovem, cursando o terceiro ano Ginasial, todos nós estudantes sabíamos que o analfabetismo no Brasil ainda beirava a casa dos 76% - o que muito nos envergonhava - e que este era o maior empecilho ao desenvolvimento do país.

A visita de Laubach a Pernambuco causou grande repercussão nos meios estudantis. Ele ministrou inúmeras palestras nas escolas e faculdades — não havia ainda uma universidade em Pernambuco — e conduziu debates no Teatro Santa Isabel. Refiro-me apenas a Pernambuco e ao Recife, pois meus conhecimentos dos eventos naquela época não iam muito além do local onde residia.

Houve também farta distribuição de cartilhas do Método Laubach, em espanhol, pois a versão portuguesa ainda não estava pronta. Nessa época, a revista Seleções do Readers Digest publicou um artigo sobre Laubach e seu método — muito lido e comentado por todos os brasileiros de então, que, em virtude da guerra, tinham aquela revista como único contato literário com o mundo exterior.

Naquele ano, de 1943, o Sr. Paulo Freire já era diretor do Sesi, de Pernambuco — assim ele afirma em sua autobiografia — encarregado dos programas de educação daquela entidade. No entanto, nessa mesma autobiografia, ele jamais confessa ter tomado conhecimento da visita do educador Laubach a Pernambuco. Ora, ignorar tal visita seria uma impossibilidade, considerando-se o tratamento VIP que fora dado àquele educador norte-americano, pelas autoridades brasileiras, bem como pela imprensa e pelo rádio, não havendo ainda televisão. Concomitante e subitamente, começaram a aparecer em Pernambuco cartilhas semelhantes às de Laubach, porém com teor filosófico totalmente diferente. As de Laubach, de cunho cristão, davam ênfase à cidadania, à paz social, à ética pessoal, ao cristianismo e à existência de Deus. As novas cartilhas, utilizando idêntica metodologia, davam ênfase à luta de classes, à propaganda da teoria marxista, ao ateísmo e a conscientização das massas à sua "condição de oprimidas". O autor dessas outras cartilhas era o genial Sr. Paulo Freire, diretor do Sesi, que emprestou seu nome à essa "nova metodologia" — da utilização de retratos e palavras na alfabetização de adultos — como se a mesma fosse da sua autoria.

Tais cartilhas foram de imediato adotadas pelo movimento estudantil marxista, para a promulgação da revolução entre as massas analfabetas. A artimanha do Sr. Paulo Freire "pegou", e esse método é hoje chamado Método Paulo Freire, tendo o mesmo sido apadrinhado por toda a esquerda, nacional e internacional, inclusive pela ONU.

No entanto, o método Laubach — o autêntico — fora de início utilizado com grande sucesso em Pernambuco, na alfabetização de 30.000 pessoas da favela chamada "Brasília Teimosa", bem como em outras favelas do Recife, em um programa educacional conduzido pelo Colégio Presbiteriano Agnes Erskine, daquela cidade. Os professores eram todos voluntários. Essa foi a famosa Cruzada ABC, que empolgou muita gente, não apenas nas favelas, mas também na cidade do Recife, e em todo o Estado. Esse esforço educacional é descrito em seus menores detalhes por Jules Spach, no seu recente livro, intitulado, Todos os Caminhos Conduzem ao Lar (2000).

"A 'bolsa-escola' de Cristovam Buarque não é novidade. Foi adotada há décadas por discípulos de Laubach e criticada pela esquerda na época. A bolsa-escola já era defendida por Antônio Almeida, um educador do século XIX"


O Método Laubach foi também introduzido em Cuba, em 1960, em uma escola normal em Bágamos. Essa escola pretendia preparar professores para a alfabetização de adultos. No entanto, logo que Fidel Castro assumiu o controle total do poder em Cuba, naquele mesmo ano, todas as escolas foram nacionalizadas, inclusive a escola normal de Bágamos. Seus professores foram acusados de "subversão", e tiveram de fugir, indo refugiar-se em Costa Rica, onde continuaram seu trabalho, na propagação do Método Laubach, criando então um programa de alfabetização de adultos, chamado Alfalit.

A organização Alfalit foi introduzida no Brasil, e reconhecida pelo governo brasileiro como programa válido de alfabetização de adultos. Encontra-se hoje na maioria dos Estados: Santa Catarina (1994), Alagoas, Ceará, Distrito Federal, Goiás, Sergipe, São Paulo, Paraná, Paraíba e Rondônia (1997); Maranhão, Pará, Piauí e Roraima (1998); Pernambuco e Bahia (1999).

A oposição ao Método Laubach ocorreu desde a introdução do mesmo, em Pernambuco, no final da década de 1950. Houve tremenda oposição da esquerda ao mencionado programa da Cruzada ABC, em Pernambuco, especialmente porque o mesmo não conduzia à luta de classes, como ocorria nas cartilhas plagiadas do Sr. Paulo Freire. Mais ainda, dizia-se que o programa ABC estava "cooptando" o povo, comprando seu apoio com comida, e que era apenas mais um programa "imperialista", que tinha em meta unicamente "dominar o povo brasileiro".

Como a fome era muito grande na Brasília Teimosa, os dirigentes da Cruzada ABC, como maneira de atrair um maior número de alunos para o mesmo, se propuseram criar uma espécie de "bolsa-escola" de mantimentos. Era uma cesta básica, doada a todos aqueles que se mantivessem na escola, sem nenhuma falta durante todo o mês. Essa bolsa-escola tornou-se famosa no Recife, e muitos tentavam se candidatar a ela, sem serem analfabetos ou mesmo pertencentes à comunidade da Brasília Teimosa. Bolsa-escola fora algo proposto desde os dias do Império, conforme pode-se conferir no livro de um educador do século XIX, Antônio Almeida, intitulado O Ensino Público, reeditado em 2003 pelo Senado Federal, com uma introdução escrita por este Autor.

No entanto, a idéia da bolsa-escola foi ressuscitada pelo senhor Cristovam Buarque, quando governador de Brasília. Este senhor, que é pernambucano, fora estudante no Recife nos dias da Cruzada ABC, tão atacada pelos seus correligionários de esquerda. Para a esquerda recifense, doar bolsa-escola de mantimentos era equivalente a "cooptar" o povo. Em Brasília, como "idéia genial do Sr. Cristovam Buarque", esta é hoje abençoada pela Unesco, espalhada por todo o mundo e não deixa de ser o conceito por trás do programa Fome Zero, do ilustre Presidente Lula.

O sucesso da campanha ABC — que incluía o Método Laubach e a bolsa-escola — foi extraordinário, sendo mais tarde encampado pelo governo militar, sob o nome de Mobral. Sua filosofia, no entanto, foi modificada pelos militares: os professores eram pagos e não mais voluntários, e a bolsa-escola de alimentos não mais adotada. Este novo programa, por razões óbvias, não foi tão bem-sucedido quanto a antiga Cruzada ABC, que utilizava o Método Laubach.

A maior acusação à Cruzada ABC, que se ouvia da parte da esquerda pernambucana, era que o Método Laubach era "amigo da ignorância" — ou seja, não estava ligado à teoria marxista, falhavam em esclarecer seus detratores — e que conduzia a "um analfabetismo maior", ou seja, ignorava a promoção da luta de classes, e defendia a harmonia social. Recentemente, foi-me relatado que o auxílio doado pelo MEC a pelo menos um programa de alfabetização no Rio de Janeiro — que utiliza o Método Laubach, em vez do chamado "Método Paulo Freire" — foi cortado, sob a mesma alegação: que o Método Laubach estaria "produzindo o analfabetismo" no Rio de Janeiro. Em face da recusa dos diretores do programa carioca, de modificarem o método utilizado, o auxílio financeiro do MEC foi simplesmente cortado.

Não há dúvida que a luta contra o analfabetismo, em todo o mundo, encontrou seu instrumento mais efetivo no Método Laubach. Ainda que esse método hoje tenha sido encampado sob o nome do Sr. Paulo Freire. Os que assim procederam não apenas mudaram o seu nome, mas também o desvirtuaram, modificando inclusive sua orientação filosófica. Concluindo: o método de alfabetização de adultos, criado por Frank Laubach, em 1915, passou a ser chamado de "Método Paulo Freire", em terras tupiniquins. De tal maneira foi bem-sucedido esse embuste, que hoje será quase que impossível desfazê-lo.

David Gueiros Vieira é historiador. Artigo publicado originalmente em Mídia Sem Máscara, em 9 março de 2004.

Fonte: http://paraibarama.blogspot.com/2008/12/mtodo-paulo-freire-ou-mtodo-laubach.html

BIBLIOGRAFIA

AYRES, Antônio Tadeu. Como tornar o ensino eficaz. Casa Publicadora das Assembléias de Deus, Rio de Janeiro, 1994.

BRINER, Bob. Os métodos de administração de Jesus. Ed. Mundo Cristão, S.P., 1997.

CAMPOLO, Anthony. Você pode fazer a diferença. Ed. Mundo Cristão, SP, 1985.

GONZALES, Justo e COOK, Eulália. Hombres y Ángeles. Ed. Alfalit, Miami, 1999.

GONZALES, Justo. História de un milagro. Ed. Caribe, Miami (s.d.).

GONZALES, Luiza Garcia de. Manual para preparação de alfabetizadores voluntários. 3ª ed., Alfalit Brasil, Rio de Janeiro, 1994.

GREGORY, John Milton. As sete leis do ensino. 7ª ed., Rio de Janeiro, JUERP, 1994.

HENDRICKS, Howard. Ensinando para transformar vidas. Ed. Betânia, Belo Horizonte, 1999.

LAUBACH, Frank C.. Os milhões silenciosos falam. s. l., s.e., s.d.

MALDONADO, Maria Cereza. História da vida inteira. Ed. Vozes, 4ª ed., S.P., 1998.

SMITH, Josie de. Luiza. Ed. la Estrella, Alajuela, Costa Rica, s.d.

SPACH, Jules, Todos os Caminhos Conduzem ao Lar, Recife, PE, 2000.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

O Estado da Nação: Eu Temo

Este texto é mais um pedido de tradução feito pelos editores do Mídia Sem Máscara. É escrito por um norte-americano especialista em leis. O autor descreve a alarmante situação em que está o país que é bastião da democracia e dos princípios orientadores e frutos deste regime. Parece que o tema não se encaixa nos interesses do blog, mas leiam e descubram.

Postado em 27 de janeiro de 2010

Por John W. Whitehead

Presidente do o Instituto RutherFord

"Ao olhar para a América, hoje, eu não tenho medo de dizer que estou com medo." – Bertram Gross, Friendly Fas­cism: The New Face of Power in America.

Nos Estados Unidos, avanços trágicos vêm de muito tempo, em parte acelerados por "we, the people­­­[1]" – cidadãos que estão dormindo ao volante por muito tempo. E enquanto ainda existe algo que nos possa acordar, ainda assim não conseguimos ouvir o alerta.

Apenas considere o estado da nossa nação:

Estamos encerrados naquilo que alguns estão chamando de campo de concentração eletrônica. O governo continua a acumular dados de mais e mais norte-americanos. Em todos os lugares que vamos, somos vistos: nos bancos, no supermercado, no shopping, atravessando a rua. Esta perda de privacidade é sintomática da crescente fiscalização levada a efeito nos americanos comuns. Essa vigilância gradualmente envenena a alma de uma nação, pois, de um estado de inocência presumida até que se prove o contrário, fomos transformados para outro em que todos são suspeitos e presumidamente culpados. Assim, a pergunta que deve ser feita é: pode a liberdade nos Estados Unidos florescer em uma época em que os movimentos físicos, compras individuais, conversas e reuniões de todos os cidadãos estão sob constante vigilância por companhias privadas e agências governamentais?

Estamos nos transformando em um estado policial. Tentáculos governamentais agora invadem praticamente todos os aspectos das nossas vidas, com os agentes do governo ouvindo as nossas chamadas telefônicas e bisbilhotando nossos e-mails. A tecnologia, que se desenvolveu em um ritmo rápido, oferece àqueles que estão no poder as ferramentas mais invasivas e impressionantes que já existiram. Os centros de fusão – agências de coleta de dados espalhadas pelo país, amparadas pela National Secu­rity Agency[2] – monitoram constantemente as nossas comunicações, tudo desde a nossa atividade na Internet a pesquisas na web para mensagens de texto, telefonemas e e-mails. Estes dados alimentam agências governamentais, que estão agora interligadas – a CIA ao FBI e o FBI à polícia local – uma relação que vai fazer o processo de imposição da lei marcial algo bem mais fácil. Poderíamos muito bem pensar que estaríamos a salvo de um ataque terrorista ao ver as forças armadas nas ruas – e o povo americano certamente não ofereceria muita resistência. De acordo com um estudo recente, uma percentagem cada vez maior de americanos está disposta a sacrificar suas liberdades civis para se sentir mais segura, na seqüência do mal sucedido ataque à bomba “da virilha[3]”, no dia de Natal.

Nós somos flagelados por uma economia cambaleante e um déficit financeiro monstruoso que ameaça nos levar à falência. Nossa dívida nacional é de mais de U$ 12 trilhões (que se traduz em mais de U$ 110 mil por contribuinte), e deverá quase dobrar para US $ 20 trilhões em 2015. A taxa de desemprego está superior a 10% e crescendo, com mais de 15 milhões de americanos sem trabalho e outros muitos obrigados a subsistir com empregos de baixa remuneração ou de tempo parcial. O número de famílias norte americanas que estão na iminência de perder suas casas subiu para quase 15% apenas no primeiro semestre do ano passado. O número de crianças vivendo na pobreza está a aumentar (18% em 2007). Como a história ilustra, regimes autoritários assumem mais e mais poder em tempos de desordem financeira.

Nossos representantes na Casa Branca e no Congresso têm pouca semelhança com aqueles que foram eleitos para representar. Muitos dos nossos políticos vivem como reis. Choferados em suas limusines, voando em jatos particulares e comendo refeições gourmet – tudo pago pelo contribuinte americano –, eles estão muito distantes daqueles que representam. Além do mais, eles continuam a gastar o dinheiro que não temos em imundos pacotes de estímulos enquanto alimentam um enorme déficit e deixam que os contribuintes americanos paguem a conta. E enquanto os nossos representantes devem estar num show de disputas partidárias, a elite de Washington - isto é, o presidente e o Congresso - avança com tudo o que deseja, dando pouca atenção à vontade do povo.

Estamos envolvidos em guerras globais contra inimigos que parecem atacar do nada. Nossas forças armadas são levadas ao seu limite, pois estão espalhadas ao redor do globo e sob fogo constante. A quantidade de dinheiro gasto com as guerras no Afeganistão e no Iraque está próxima de U$ 1 trilhão e é estimado que alcance por volta de 3 trilhões de dólares antes que tudo termine. Isso não leva em conta os países devastados que ocupamos, os milhares de civis inocentes mortos (incluindo mulheres e crianças) ou os milhares de soldados americanos que foram mortos ou feridos gravemente ou que estão cometendo suicídio a uma taxa alarmante. Nem leva em conta as famílias dos 1,8 milhões de americanos que serviram ou estão servindo em missões no Iraque e no Afeganistão.

O lugar dos EUA no mundo também está passando por uma mudança drástica, com a China programada para emergir como a maior economia da próxima década. Dada a dimensão do quanto estamos endividados para com a China, a sua influência sobre a forma como o nosso governo realiza seus negócios, bem como sobre a forma como ele lida com os seus cidadãos, não pode ser desconsiderada. Em julho de 2009, a China se apropriou de 800,5 bilhões de dólares da nossa dívida – que é 45% do total da nossa dívida (estrangeira) – tornando-a a maior detentora estrangeira da dívida externa norte-americana. Não se admira, então, que a administração Obama, prostrou-se ante a China, hesitando desafiá-los abertamente sobre questões cruciais como os direitos humanos. O mais recente exemplo disso pode ser visto na relutância inicial da administração de Obama em enfrentar o governo chinês quando dos seus ataques cibernéticos relatados no Google e em outras empresas de tecnologia americanas.

Por haver dissolução das fronteiras nacionais em face da ampliação da globalização, aumenta a probabilidade de que a nossa Constituição, que é a lei suprema da América, seja subvertida em favor de leis internacionais. Isto significa que a nossa Constituição estará sob ataque crescente.

A mídia corporativa, cada vez mais na qualidade de porta-voz da propaganda governamental, já não faz sua função principal de cães de guarda, protegendo-nos contra as invasões aos nossos direitos. Em vez disso, a maior parte da grande mídia só se dedica às notícias idiotas e sobre celebridades, o que é um mau presságio para o nosso país. Não importa se você está falando sobre as notícias dos tablóides, sobre as notícias de entretenimento, ou sobre telejornais legítimos, nem poucas diferenças entre eles há mais. Infelizmente, a maioria dos americanos se ateve à idéia de que tudo o que a mídia nos relata é importante e relevante. Nesse processo, os americanos perderam grande parte da capacidade de fazer perguntas e pensar analiticamente. Com efeito, a maioria dos cidadãos tem pouco ou nenhum conhecimento sobre os seus direitos ou mesmo de como o seu governo trabalha. Por exemplo, uma pesquisa nacional constatou que menos de um por cento dos adultos poderia citar as cinco liberdades protegidas pela Primeira Emenda Constitucional.

Por fim, eu jamais vi um país mais espiritualmente abatido do que os Estados Unidos. Perdemos o nosso compasso moral. Um número crescente de nossos jovens já não vê sentido ou propósito na vida. E nós já perdemos o senso de certo e errado ou de uma maneira de responsabilizar o governo. Esquecemos que a premissa essencial do regime governamental americano, conforme estabelecido na Declaração de Independência, é que se o governo não prestar contas ao povo, então ele deve certamente ser responsável perante o “Criador.”

Mas e se o governo não é responsável perante o povo nem perante o Criador?

Como escreve Thomas Jefferson na Declaração, é então direito do "povo de alterá-lo ou aboli-lo" e formar um novo governo.

Advogado constitucional e autor, John W. Whitehead é fundador e presidente do Instituto Rutherford. Ele pode ser contatado pelo johnw@rutherford.org. As informações sobre o instituto estão disponíveis no www.rutherford.org.



[1] “Nós, o povo...” são as primeiras palavras da constituição americana.

[2] Agência Nacional de Segurança.

[3] Referência ao atentado frustrado ao vôo 253, no natal de 2009.