quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Qual é o papel do educador “superior” no Brasil?


Tenho por certo que sequer um livro poderia responder satisfatoriamente a esta pergunta. Mas assim mesmo, é importante lembrar que muitas correntes de pensamento ensinadas no ensino superior têm conduzido nossos estudantes a esferas cada vez mais inferiores do pensamento. Temos nos aprofundado cada vez mais em um provincianismo “local”, mas principalmente temporal. Entre a essência e as formas, os educadores brasileiros preferiram os pensadores que privilegiaram as formas, o passageiro. A realidade não é mais compreendida comparando-a ao eterno, ao infinito, mas é usada sempre como instrumento de transformação dela mesma. A própria palavra transformação já implica em uma “transitoriedade de formas”. A humanidade sempre denominou a essência como algo superior às formas, no entanto, hoje, a compreensão da essência está subordinada às formas. É o “conhecer para transformar” tão alardeado em nossas classes. Não advogo que as ciências devem ser totalmente puras e neutras, mas a subordinação da compreensão à execução e ao planejamento é por demais nociva.

A maior parte dos nossos acadêmicos da educação crê nos benefícios da eterna transformação. Estes estudantes e professores crêem que só após Marx e Darwin as verdadeiras “luzes” só chegaram à humanidade; crêem que o ensino daquilo que está fora da “realidade” do aluno – e que por definição está “acima” dele e é de mais árduo entendimento – não é necessário nem pode interessá-lo. Enquanto a transformação ocorre, o provincianismo aumenta e a compreensão geral diminui.

Infelizmente, a pretensão dos nossos tempos não é mais a de compreender a natureza humana para que possamos conviver da melhor forma, mas sim a de modificá-la. Se a transformação da matéria gerou situações que seriam inimagináveis há algumas centenas de anos, porque não aconteceria o mesmo com a organização dos homens? Bastaria um planejamento bem feito, desde a infância. Este planejamento foi testemunhado pela humanidade nas experiências nazista e comunista. Todos os que se recusaram a tentar mudar o imutável foram perseguidos e mortos cruelmente por estes regimes. Mais um erro da história está sendo colocado em prática pelas universidades.


Rafael Resende Stival.

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